casa antiga

karla
1 min readDec 22, 2023

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junto aos meus fantasmas, nas paredes rabiscadas com as cores que desde cedo aprendi quais são
nas marcas que os dedos sujos deixaram, bem na altura do peito
como se num impulso de vida, segurasse pra não deixá-las cair
nos vidros sujos das janelas ou nas cortinas velhas,
ali está o que não tem nome

na mesma casa que cresci, na varanda de fora a fora e chão vermelho
nos passeios que minha mente apagou
nos presentes que não recebi e nas ausências que chorei,
ali está o que não tem nome

nas canções que cantei antes de escrever
nos calos que engrossam as pontas dos dedos
no papel cheio de tinta e carvão, na lembrança do cuidado tão pequeno
ali está o que não tem nome

e eu quis chamar de algo, de coisa, de alguém
atenta, sorri. como se o que não tem nome não existisse
mas existe e é gigante, do meu tamanho
do tamanho dos meus sonhos
prestes a me engolir.

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